segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

brumas no cêrebro

Cada vez que chego nos maloqueiros (de acôrdo com o pequeno dicionário da língua portuguêsa que uso de vez em quando esta expressão é legítima) parece que nosso papo tem que começar do início, só uma vaga lembrança eles têm de mim: Sim, dona, me lembro da senhora, o Ismael é falecido.
Sei, até aí já chegamos com a nossa história, vocês poderiam me contar algo sobre como foi a remoção dele, a familia ficou sabendo da morte? houve um enterro?
Não sabemos, mas deve ter ido para o "ML", não tinha documentos, para lá vão todos sem documentos, e depois par ao campo santo.
Da Santa Casa?
Sim, dona, da Santa Casa.
Hoje apareceu um novo cachaçeiro, jovem, parecendo uma criança ainda, embora tivesse já 20 anos, o Leonel.
Porque estou na rua? Meus pais me abandonaram, morreram, e ninguém me encaminha. sou viciado; De que, crack? Não, dona, de cigarro e cachaça, eu queria ir para uma fazenda, mas ningúem me encaminha. O Seu Paulo, que diz morar numa casa e fazer paisagismo, se eu não tinha om serviço para ele: Também ninguém procura um posto, todos aqui poderiam receber auxílio doença ou aposentadoria pela idade, mas não se mexem, só ficam bebendo cachaça; eu também sou viciado.
Prometí voltar outro dia para saber mais do Seu Ismael. Dona, pode nós comprar uma cachaça? Nao, não posso, mas posso dar um dinheirinho para vocês.
Obrigado!

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